Capítulo I
No recreio, ouvi um palavrão enquanto passava em direção à sala dos professores. Meus olhos encontraram os do menino que havia xingado o colega um segundo antes, que, sem constrangimento, quase me derrubou, sem se desculpar.
Um tempo atrás eu teria ouvido: "Pára, meu, a professora tá passando... olha o respeito!"
O chão estava repleto de resíduos de alimentos - do lanche do dia - e a gritaria era insuportável!
Uma inspetora de alunos gritava, paradoxalmente, pedindo calma aos que se debatiam irracionalmente no pátio. Um outro grupo completava a cena, em coro, clamando, insensível: "Bate, bate!..."
Outra vez quase me derrubaram. Não tive qualquer reação. Há dias vinha observando essa situação aflitivamente repetitiva, enquanto caminhava, na hora do recreio, rumo à sala dos professores.
Ainda pude ver os cartazes que havia pedido aos alunos das quintas séries uma semana antes:-"Alguém duvida de que a palavra tenha vida?"-, rasgados e destruídos.
Finalmente, cheguei à sala dos professores, visivelmente abatida e tristonha.
Encontrei uma professora chorando, desgostosa com a sétima série de antes do recreio. Não tive, dessa vez, ânimo para manifestar-lhe minha solidariedade. Estava igualmente carente, mas consciente de que
“EU TINHA DE FAZER ALGUMA COISA!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário