domingo, 22 de maio de 2011

Foi assim o início da expansão do Projeto AEL - As escolas pioneiras

CAPÍTULO XXI

Eu ainda estava nas nuvens, pensando em tudo o que estava acontecendo comigo, entusiasmada com a apresentação do Projeto na Coordenadoria da Penha, ansiosa por saber quais escolas haviam preenchido o formulário de adesão, manifestando interesse.
Quase todas as escolas, porém, externaram a opinião de que aguardariam por outra oportunidade, pois, já estavam envolvidas com outras atividades etc...
Não seria nada fácil - foi o meu primeiro prognóstico.
Decidi começar pela escola que já conhecia o meu trabalho. Além de Professora de Ensino Fundamental e Médio na EMEF Padre Antônio Vieira, eu exercia o mesmo cargo, cumulativamente, na EMEF Prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz,  à época da designação para o novo cargo na Diretoria de Orientação Técnico-Pedagógica.
Escolhida a primeira escola, eu me inspirei  no livro de Antoine-de-Saint-Exupèry, "O Pequeno Príncipe", priorizando especialmente  alguns capítulos, para  relacionar com a Academia Estudantil de Letras - AEL, nas visitas semanais, durante o horáro coletivo.
Vou relacionar aqui no blog os capítulos e as reflexões que nortearam os encontros:
Do Capítulo I  do Livro e da citação de Ezra Pound: "Repetir para aprender; criar para renovar", aludi ao livro como instrumento importante para  a personagem descobrir sua vocação para o desenho. Note-se que partiu de uma simples imitação - uma jiboia que engolia uma fera -  para chegar à criação: " uma jiboia digerindo um elefante". Obras literárias selecionadas poderiam servir de modelo para a criação de novas obras?
Outra associação: Como o educador pode se aventurar a não ser a "pessoa grande" no meio das crianças e adolescentes? Será preciso enxergar com os olhos dos pequenos, entendê-los, acolhê-los, amá-los verdadeiramente. A AEL é um projeto de amor e é preciso haver muita compreensão para que os talentos aflorem livremente.
O ser humano precisa realizar-se plenamente para ser feliz. Quando não se realiza plenamente consegue, no máximo, sentir-se razoável. Estar feliz é muito mais importante do que ser razoável.
No capítulo XIII do mesmo livro, encontrei argumentos para desmistificar ideias preconceituosas: poesia é coisa para desocupados, alienados, mulheres...os poetas são sonhadores, ociosos...etc...
O sonho é a primeira etapa de todo trabalho; logo, só se predispõe a sonhar aquele que se predispõe a trabalhar.
O trabalho desenvolvido na AEL é poético, mas sério, de constante zelo, disciplinar e rotineiro.
Outro capítulo abordado nos encontros foi o cap XIV, do Livro "O Pequeno Príncipe":
Poderia um educador ter a missão de acender estrelas? Ao descobrir vocações, o educador abre um horizonte à frente do educando, mostrando-lhe passagens antes desconhecidas e inexploradas. Porém, assim como pode acender estrelas, também pode, mesmo que involuntariamente, apagá-las. Descobrir estrelas e manter acesas essas estrelas é uma ocupação útil, porque é bonita. O consenso de que o bonito é inútil é um mito.
No capítulo XXI detivemos a maior parte do nosso tempo, durante esses encontros de sensibilização.
O processo de "cativar", ao qual se refere Exupèry em "O pequeno Príncipe" relaciona-se intrinsecamente com o projeto AEL.
É impressionante a relação profunda que vai se estabelecendo, pouco a pouco, entre os alunos acadêmicos e os professores que coordenam  o trabalho na escola. Os laços de amizade, compreensão e solidariedade vão se tornando cada vez mais fortes entre ambos, que cativam e se deixam cativar, de uma maneira sincera e natural.
Por fim, a máxima "TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS" deixa-nos "presos por vontade", a ponto de dedicarmos um tempo a mais a nossos alunos, no desenvolvimento do projeto, sem qualquer interesse, somente pelo prazer de fazê-los felizes.
Nessas condições, nasceram, respectivamente , juntando-se à AEL Padre Antônio Vieira - EMEF Padre Antônio Vieira:
AEL Monteiro Lobato - EMEF Prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz
AEL Cecília Meireles - EMEF Cecília Meireles
AEL Lygia Fagundes Telles - EMEF Octávio Mangabeira

Emocionante!!! Parecia um sonho- que já não era só meu - e que poderia, sim, dar certo!

Muito trabalho pela frente...

"Uma flor não sobrevive sem cuidados; um vulcão extinto pode reacender, quando menos se espera."