Capítulo VII
Nessa época eu dava aulas de Língua Portuguesa em duas escolas: EMEF Padre Antônio Vieira e EMEF Pref... José Carlos de Figueiredo Ferraz.
A distância entre uma escola e outra é relativamente pequena, de modo que fazia o percurso a pé.
No caminho, encontrava alunos das duas escolas.
Os alunos do Padre atravessavam a rua para me beijar, mesmo que eu tivesse estado com eles há alguns momentos apenas, na última aula.
Os alunos do Figueiredo eram mais retraídos nesse sentido. Se me encontrava com eles, a maioria me cumprimentava, disfarçadamente, do outro lado da rua. Quando chegava à sala de aula, no entanto, eles me cobriam de carinho e de beijos.
Concluí que eram tímidos e que tinham reservas para externar as emoçoes.
Tive, então, a ideia de levar os alunos da Poesia, do Vieira, para o Figueiredo, a fim de apresentá-los ao Projeto e, quem sabe, diante da receptividade, convidá-los a participar.
No início, houve um certo “estranhamento”, mesmo porque era notória uma pequena rivalidade entre as duas escolas.
Mas, quando os meninos começaram a declamar os seus poemas, os anfitriões não demoraram a demonstrar admiração e respeito por eles, aplaudindo-os com entusiasmo, após as apresentações.
O resultado dessa aproximação foi muito positivo: agregamos ao Projeto “Poesia – um atalho para a Paz” – os alunos do Figueiredo., totalizando 35 componentes.
Não demorou muito para que fôssemos convidados a participar de uma reunião de pólo para mais de 400 professores da DREM 7, no Clube Esportivo da Penha.
Foi a nossa primeira apresentação “importante” e a repercussão não poderia ter sido melhor.
No dia seguinte enviei a cada um dos alunos esta cartinha:
Estimado aluno,
Estimada aluna…
Ontem uma coisa maravilhosa aconteceu: você conseguiu sensibilizar uma plateia imensa de educadores, com sua presença, seu sentimento, sua emoção.
Nenhum barulho, por insignificante que fosse, ante Camões, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Mário Quintana, Drummond, Vinícius de Moraes, Gonçalves Dias, Paulo Leminski, Roseana Murray…
Parabéns, principalmente, por você gostar de POESIA, declamar POESIA, sentir POESIA e… por VOCÊ SER A PRÓPRIA POESIA…
Nunca desanime diante de pensamentos negativos que permeiam o mundo de nossos dias, tais como: “os jovens são alienados, não se preocupam com a realidade, desistiram de construir um mundo melhor, são opacos, invisíveis, vazios…” Você provou que tudo isso é ficção, que você continua sendo o esteio da humanidade!
Obrigada por permitir que eu divida com você esse momento ÚNICO, obrigada por permitir que eu “coloque na sua, a minha mão…”
Professora Sueli
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