sexta-feira, 4 de junho de 2010

A prática dos seminários

Capítulo XVIII

Tão importante quanto favorecer a vinda de escritores, poetas, pessoas relacionadas com o meio artístico-literário à nossa escola, nas reuniões mensais, como forma de aproximar os alunos desses profissionais, diminuindo a crença de que seriam eles pessoas inacessíveis, intocáveis, irreais até, senti desde o começo que era precisoo promover a autoconfiança dos acadêmicos,  preparando-os nas aulas semanais de literatura para os seminários sobre a vida e a obra dos seus autores, começando pelos alunos mais experientes, das oitavas séries, mesmo porque esses não teriam mais tanto tempo de permanência na escola  e tinham uma noção mais precisa dos objetivos, pelo tempo de atuação no Projeto “Poesia – um atalho para a Paz”.

A ideia era criar um ambiente especial na sala de leitura, uma vez por mês, organizar a mesa de honra, composta pelo escritor convidado e pelo acadêmico responsável pelo seminário, ambos sentados lado a lado, numa manifestação carinhosa de humanidade, de igualdade, de admiração mútua.

As reuniões têm um caráter solene, iniciam-se pela execução do Hino Nacional Brasileiro. Em seguida, todos os acadêmicos levantam-se, um a um, e se apresentam aos convidados, com a costumeira postura acadêmica, mais ou menos nesses termos, exemplificando: “Meu nome é José, ocupo a cadeira literária número 22. de Carlos Drummond de Andrade.”

 

MARILIZE DA SILVA NOBRE E POETISA VALDYCE RIBEIRO

JONATHA GOMES DE SOUZA DA CRUZ  E O JOVEM POETA  RICARDO HIDEMI BABA

SEMINÁRIO DE NAYARA ARTUZO EVANGELISTA SOBRE JORGE AMADO

 

AUTÓGRAFO DO JORNALISTA GABRIEL KWAK PARA A ACADÊMICA SUZANA

 POETA CLAUDIO FERNANDES MIGUEL AUTOGRAFA PARA A   FILHA, FUTURA ACADÊMICA

ACADÊMICA GABRIELA E O JORNALISTA E EDITOR MARCO ANTONIO ROSA

REUNIÃO MENSAL NA SALA DE LEITURA

PRESENÇA DA COMUNIDADE, PERSONALIDADES E EX-ALUNOS

SEMINÁRIO DE CAROL SOBRE MANUEL BANDEIRA 

BÁRBARA E O SEMINÁRIO SOBRE FLORBELA ESPANCA

JONATHA E O SEMINÁRIO SOBRE CASTRO ALVES/ PALESTRA DO PROF VALMI SOBRE PADRE ANTÔNIO VIEIRA

 

BRUNA E O SEMINÁRIO SOBRE DRUMMOND 

PALESTRANTE JÚLIA BLANQUE ENTRE OS ACADÊMICOS 

PALESTRA DO PROF MAURÍCIO E SEMINÁRIO DA CINTHYA SOBRE CLARICE LISPECTOR

PALESTRA DO SAUDOSO ESCRITOR E AMIGO PAULO DANTAS

  JOVENS NA REUNIÃO MENSAL

SEMINÁRIO DE BEATRIZ DOS SANTOS SOBRE MÁRIO QUINTANA

SEMINÁRIO DE ISABELA SOBRE GONÇALVES DIAS E PALESTRA DO ESCRITOR JOSUÉ GONÇALVES ARAÚJO

A prática das reuniões mensais tem início nas escolas no mês subsequente ao da fundação da respectiva academia estudantil de letras em determinada escola. Até a fundação, o trabalho restringe-se às reuniões semanais de literatura, com professores da própria escola, que atendem aos alunos do Projeto no contraturno das aulas, auxiliando na escolha dos patronos e dos textos que apresentarão no dia da cerimônia inaugural.

Visitem também: www.ael.zip.net

domingo, 25 de abril de 2010

Primeiros palestrantes: os pioneiros

Capítulo XVII

Depois da emoção inicial, era hora de colocar o Projeto AEL em ação: organizar os seminários, pensar em passeios culturais que conseguíssemos viabilizar, ir “literalmente” em busca de palestrantes que se dispusessem a vir prestigiar os alunos acadêmicos.

Se, por um lado, o desafio era grande, por outro, desde o início contamos com a nossa boa sorte e  com a parceria de abnegados escritores, poetas, artistas, professores e jornalistas, que não hesitaram em penetrar em nossas almas, compartilhar com os nossos sonhos e nos presentear com a sua vasta experiência acumulada, repartindo conosco, humildemente, seus incontáveis dons.

Desde que iniciamos, essa prática tornou-se uma constante e representa uma das mais significativas realizações dentro das expectativas do Projeto.

Dá gosto ver os olhos brilhantes dos convidados, ouvindo, atentos, a apresentação de cada um dos acadêmicos. Sempre tenho a impressão de que eles se colocam  no lugar das crianças e jovens, em algum momento do passado, quando eram estudantes também, muitos deles, igualmente, da escola pública.

A empatia é recíproca : os jovens acadêmicos prestam muita atenção às explanações e depois formulam perguntas. Uma delas é frequentemente feita:

- “Quando o senhor (ou senhora) estudava, tinha AEL na sua escola?”

Até o final de 2005 recebemos oito palestrantes:                                       

                                    valdevino

                                     Prof. Valdevino Soares de Oliveira

Licenciado em  Letras pela Universidade de São Paulo, onde também fez Mestrado em Literatura Brasileira. Doutorou-se em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com a tese Poesia e Pintura: um diálogo em três dimensões. Tem desenvolvido pesquisas em Literatura Brasileira, principalmente sobre a poesia contemporânea, buscando mapear suas tendências mais significativas. É professor do Curso de Graduação e de Pós-Graduação em Letras na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, câmpus de Assis, em São Paulo.

Tive o prazer de ser sua aluna, no Colegial, e serei eternamente grata por ter aceitado o meu convite para ser o primeiro palestrante de nossa academia. Falou-nos de Alcântara Machado com muita propriedade  e marcou um momento de grande emoção na minha vida.

www.dominiosdelinguagem.org.br/pdf/d2-4.pdf

                               Escritor Waterloo Gonçalo da Silva e o menino Gabriel

Guarda Civil Metropolitano, escritor, poeta. Dois livros de poesia publicados – Único Amor e Amor Suspeito, cujos lançamentos aconteceram na Câmara Municipal de São Paulo, em sessões solenes.

Sua notável amabilidade e carinho com nossos estudantes tornaram-no um referencial na AEL, tanto sob o ponto de vista pessoal como do literário.

waterloogoncalo@hotmail.com

 

  

                             Músico e compositor Válter Pini

Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Músico, compositor e facilitador em expressão musical e criatividade. Criou o Projeto Musiconsciência, onde utiliza a arte da música a serviço de uma educação para a paz e para a cidadania. As suas criações musicais estão gravadas em 16 CDs e são canções e temas instrumentais que se destinam
a inspirar, harmonizar e a encorajar o encontro humano, seja do homem consigo mesmo ou com o outro.

Autor da canção “Te ofereço Paz”, cantada em todos os nossos eventos, como símbolo de nossos ideais maiores em prol da construção de um mundo mais humano e mais feliz.

 valterpini@cy.com.br

 

                                      Prof Manoel Teodoro Cavalcanti

Chegamos a dar aulas juntos na EMEF Figueiredo Ferraz. Um ser humano lapidado, um autor sensível. Escreveu o livro “O baianolistano”, cuja sinopse apresentou-nos assim:
“Castigados pela seca, muitos nordestinos migraram para o interior de São Paulo, seduzidos pela prosperidade das fazendas de café. Lá encontraram os imigrantes europeus, que aportaram em terras brasileiras nos fins do século XIX e início do século XX, e formaram uma grande diversidade cultural, da qual minha família fez parte. Além de toda beleza existente no Brasil, a sua riqueza natural, como florestas, rios, etc., essa diversidade cultural é uma das maiores do nosso país, pois é através da integração de sua gente, que temos a formação do povo brasileiro. Como baiano e adotado como paulistano me sinto integrado como "baianolistano", na capital paulista.”

 www.livrariasolis.com.br/produto.ver.asp?cod=79678

 

                                   Escritora Eliane de Araujoh

Fundou em 1996 o Espaço Consciência Cósmica, um Centro de Desenvolvimento Pessoal que oferece produtos e serviços para ajudar as pessoas a viverem melhor.

Formada em Bacharelado em Matemática com ênfase em Processamento de Dados.  É também Practitioner em Neurolinguística, Escritora e Comunicadora de Rádio (Mundial SP FM 95,7). 

Em 1992 começou seu trabalho de divulgação em emissoras de Rádio (SP), onde fala de assuntos ligados ao desenvolvimento pessoal e autoconhecimento.

Autora dos livros “Histórias para sua criança interior” e “Liberdade de ser”, livros que marcaram nossa história desde o começo

c.cosmica@terra.com.br

                    Escritores Carlos Frydman e João Meireles Câmara

             Carlos Frydman (Varsóvia (Polônia), 1924),  em 1956 viajou pela Europa com o Teatro Popular Brasileiro, dirigido pelo poeta Solano Trindade. Nas décadas de 1950 e 1960 publicou poemas nos jornais Notícias de Hoje (SP) e Imprensa Popular (RJ). Entre 1968 e 1994 foi diretor do Instituto Cultural Israelita Brasileiro, em São Paulo SP. Participou, em 1990, no Terceiro Encontro de Escritores Judeus Latino-Americanos, realizado em São Paulo SP. No período de 1992 a 1994 foi segundo Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores. Fazem parte de sua obra poética os livros Os Caminhos da Memória (1965) e Sintonia (1990). Segundo o crítico Fábio Lucas, "Carlos Frydman propõe, em seus poemas, um fluxo de confissões íntimas ajustado a um vasto apelo à solidariedade humana. Daí a oscilação que seus versos apresentam entre o tom menor do lirismo amoroso, da expressão confidencial, e a proclamação sonora ou eloquente dos grandes valores sociais.". 

               João Meireles Câmara nasceu em Matinha (MA), em 28/03/28 . Advogado. Membro da União Brasileira de Escritores. Autor do livro “A Estratégia da Palavra”, onde não se restringe  apenas aos aspectos da Oratória clássica, mas também desenvolve o método intimista, do qual é um dos iniciadores.Aborda também temas sociais de alta relevância, não esquecendo os ensinamentos que a história tem demonstrado. Obra elaborada com o pensamento voltado para os que, na família, no lar, nas escolas, nos esportes, na tribuna ou no púlpito, fazem da palavra o instrumento de consulta indispensável a quantos, de qualquer maneira, necessitam usá-la.

           Esses dois notáveis escritores conheceram a Academia Estudantil de Letras em um sarau realizado na EMEF Jenny Gomes e, encantados com a apresentação dos alunos, manifestaram o desejo de visitar a EMEF Padre Antônio Vieira, razão pela qual organizamos uma reunião extraordinária para recepcioná-los.

www.ube.org.br

 

                                          Poetisa Maria Lúcia López

A autora é poeta, membro da União Brasileira de Escritores e da Academia de Letras de Campos do Jordão. As apresentações de Paulo Dantas, Luiz Toledo Machado e de Fernandes Neto tecem elogios à força lírica da poeta e à sua sensibilidade.

Nós pudemos testemunhar todos esses atributos no dia em que a ilustre poeta nos visitou pela primeira vez. A partir daí, configurou-se em amiga e parceira inseparável da AEL; empenhou-se para que visitássemos a Academia de Letras de Campos do Jordão e propiciássemos aos alunos um momento emocionante e inesquecível; favoreceu a realização de um concurso literário entre os estudantes e foi eleita, com justiça, membro vitalício de nossa Academia.

SESSÃO SOLENE DA POSSE DE MARIA LÚCIA LÓPEZ NA ACADEMIA DE LETRAS DE CAMPOS DO JORDÃO

 estrelopez@hotmail.com

                                      Compositora Mírian Warttusch

Compositora e Escritora Ambientalista. Desenvolveu o programa “Planeta Azul e Verde” onde no trabalha com crianças levando a conscientização sobre preservação e cuidados com o meio ambiente.
O Programa Cultural Planeta Azul e Verde é uma obra da sua criação, como ambientalista. Principais projetos que o compõem: Animais em Extinção; Reflorestar; Os Soldadinhos da Natureza; Lendas e Folclore; Mãe Natureza Visita Rios Brasileiros; Agressões à Natureza; As Grandes Forças da Natureza.

Quando nos conhecemos, ficamos por quatro horas falando sobre os nossos projetos e não nos largamos mais. 

Membro Vitalício da AEL, Mírian é a compositora de todos os magníficos hinos que cantamos nos eventos solenes. Já está produzindo o segundo CD em homenagem aos imortais.

miriansch@uol.com.br

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Aos trinta dias do mês de maio do ano de dois mil e cinco…

Capítulo XVI

“Aos trinta dias do mês de maio do ano de dois mil e cinco, na EMEF Padre Antônio Vieira, à Rua Antonino Bacaeri, 171, Jardim Nordeste, São Paulo, foi fundada a Academia Estudantil de Letras Padre Antônio Vieira…”                                                                             (constou da Ata oficial) 

- E o que estava escrito no meu coração?

Estava escrito assim:

Pequenina, desde os dez anos de idade, quando você ensinou a ler a Maria Helena, sua amiguinha de sete anos apenas; desde quando você brincava com dezoito bonecas e bonecos de todos os tipos, a maioria de pano, que você colocava sentados, perto de folhas usadas dos seus cadernos de escola, simulando ser a professora deles e lhes passava pela manhã as lições aprendidas no dia anterior; desde muito antes, quando você respondia aos adultos, orgulhosa, que queria ser “pessessôra”; desde quando você ficava ao redor da mesa da cozinha com o seu pai, cantando e decorando livretos de cordel; desde quando você passava as manhãs de sábado, e feriados, e férias, na Biblioteca Municipal da Vila Maria; desde quando você começou a inventar, escrever e contar histórias para o seu irmão mais novo; desde quando…

Desde quando?

A realidade agora me mostrava um cenário de sonho: eu era realmente professora, estava acontecendo uma festa linda na minha escola, já havia chegado o fotógrafo do jornal “O Estado de São Paulo”, os acadêmicos estavam nervosos e lindos, toda a minha escola estava envolvida com o acontecimento; muita gente importante: representantes da Coordenadoria Regional de Educação Penha, escritores, jornalistas, professores de outras escolas, que a mestre de cerimônias, nossa Assistente de Direção, a Beth, apresentava e conduzia à mesa de honra, até anunciar a chegada do “Professor Doutor José Aristodemo Pinotti, Secretário Municipal de Educação de São Paulo!”

Hoje, confesso que não fui, pessoalmente, uma boa anfitriã para o senhor Secretário, pelo menos, não correspondi naquele momento com a intensidade que deveria, porque eu não conseguia desviar o meu foco dos alunos: era para eles que eu havia sonhado tudo aquilo. Certamente era por eles que o dr Pinotti estava ali também, por isso achei que me compreenderia, e me compreendeu…

Na hora do discurso, o dr. Pinotti não se cansou de elogiar os alunos, de parabenizar a escola pela iniciativa e, num dado momento, segredou-nos que era amante das letras, que possuía dois livros de poesias de sua autoria, com os quais haveria de nos presentear depois. Após a cerimônia, deixou registrada no nosso livro de atas a seguinte mensagem:

“ESTA ESCOLA É UM POEMA!”

                                      dr Pinotti

                                   JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI

                                                 1934 – 2009

Diante de seus familiares e dos ilustres convidados, os vinte e cinco jovens tomaram posse de suas cadeiras literárias e se tornaram efetivamente acadêmicos. Um a um, eram chamados ao palco e compartilhavam com os ouvintes um pequeno trecho da obra dos seus autores.

Contradizendo a minha ideia inicial de compor a lista com autores clássicos e de renome da Língua Portuguesa, já iniciei a experiência fazendo duas concessões: a cadeira de Pablo Neruda foi a escolha de uma menina recentemente chegada da Bolívia, a Laurinha, muito tímida, e que só consegui motivar, incentivando-a para participar da AEL. A outra concessão foi para o aluno Cleiton, que , aos 10 anos, já conhecia  muitos livros do Sidney Sheldon: “minha mãe, antes de morrer, lia para mim os romances dele...”

As emoções desse dia são indescritíveis! Lembro-me de ter comentado com a escritora Eliane de Araujoh, autora do livro “Histórias para sua criança interior” sobre a intensidade profunda desse meu sentir e ela me esclareceu, dizendo que a minha alma, de tão plena, não estava cabendo em mim…

Foi isso mesmo!

OS PRECURSORES:

Cadeira nº 1 - Padre Antônio Vieira - Rafael Pereira dos Reis

Cadeira nº 2 - Adélia Prado - Amanda Caroline Lopes 

Cadeira nº 1 - Padre Antônio Vieira - Rafael Pereira dos Reis 

Cadeira nº 2 - Adélia Prado - Amanda Caroline Lopes 

Cadeira nº 3 - Alphonsus Guimarães - Amanda de Souza 

Cadeira nº 4 - Carlos Drummond de Andrade - Rodrigo Duarte 

Cadeira nº 5 - Casemiro de Abreu - Larissa dos Santos 

Cadeira nº 6 - Castro Alves - Jonatha Gomes de Souza 

Cadeira nº 7 - Cecília Meirelles - Nayara Rocha Brito 

Cadeira nº 8 - Clarice Lispector - Catarina Queiroz

Cadeira nº 9 - Fernando Pessoa - Thairine de Santana

Cadeira nº 10 - Ferreira Gullar - Jéssica Silva Pereira 

Cadeira nº 11 - Gonçalves Dias - Isabela de Brito Vieira 

Cadeira nº 12 - Guilherme de Almeida - Jonatas Marcelino

Cadeira nº 13 - Jorge Amado - Nayara Artuzo Evangelista 

Cadeira nº 14 - José de Alencar - Vitória Aguilar Silva

Cadeira nº 15 - Luiz Vaz de Camões - Raphael Rodrigues 

Cadeira nº 16 - Machado de Assis - Sabrina de Souza 

Cadeira nº 17 - Manuel Bandeira - Albert Cabral dos Santos 

Cadeira nº 18 - Mário Quintana - Beatriz dos Santos 

Cadeira nº 19 - Monteiro Lobato - Gabriel de OLiveira

Cadeira nº 20 - Olavo Bilac - Rafaeli Chacon Amaro 

Cadeira nº 21 - Pablo Neruda - Laura Condori 

Cadeira nº 22 - Paulo Leminski - Karoline Messias Santos 

Cadeira nº 23 - Pedro Bandeira - Luan dos Santos 

Cadeira nº 24 - Sidney Sheldon - Cleiton Gonçalves

Cadeira nº 25 - Vinícius de Moraes - Jéssica Félix da Silva 

terça-feira, 20 de abril de 2010

Um dia antes da festa…

Capítulo XV

- Suelizinha, tem um telefonema pra você na Secretaria. Eu fico aqui e você vai lá atender.

- Não posso… Estou em aula… Peça, por favor, para que liguem depois…

- Você não entendeu… Você precisa atender… É o Secretário, o doutor Pinotti, na linha, querendo falar com você…

- Hein!!!!!!!?????????????????????????????

- Isso mesmo! O Secretário quer falar com você… É sobre a fundação da Academia Estudantil de Letras…

Desci as escadas, trêmula. Seria verdade? Ou estariam

brincando comigo?

Era verdade! 

Do outro lado da linha, ouvi:

- Professora Maria Sueli Fonseca Gonçalves?

Fiquei muda…

- Alô! É você, professora?

- Sim, sou eu…

- Recebi o convite de vocês para amanhã, achei a ideia muito interessante, quero ver de perto… Vou chegar um pouco atrasado, porque tenho uma entrevista na TV; vocês não precisam me esperar para iniciar a solenidade…

- O senhor vem mesmo?

Ainda pude ouvir uma risada do outro lado… e mais nada! Estava perplexa!

Assim fiquei até o dia seguinte, quando pararam nove carros oficiais à porta da EMEF Padre Antônio Vieira, no Jardim Nordeste…

domingo, 18 de abril de 2010

Os preparativos

Capítulo XIV

A data escolhida para a fundação da Academia Estudantil de Letras Padre Antônio Vieira foi  30 de maio de 2005.

O convite também já estava pronto e a professora Rosane apresentou-o a mim, emocionada:

             “TODA CAMINHADA COMEÇA COM UM PASSO”

               Prezado Educador

                No dia 30/05/05, às 11h00, na EMEF  Padre Antônio Vieira, Rua Antonino Bacaeri, 171, Jardim Nordeste, Capital, acontecerá a cerimônia de fundação da ACADEMIA ESTUDANTILL DE LETRAS PADRE ANTÔNIO VIEIRA, com a posse solene dos jovens acadêmicos e representações literárias.

               Sua presença será motivo de honra e de orgulho para nossa escola.

Foi assim que o sonho começou a ganhar forma.

Toda a escola se mobilizou. As professoras do Ciclo I – Márcia, Cidinha, Maria do Carmo, Sueli – de Educação Física - e todos os que pudessem ajudar – iriam cuidar da  ornamentação. O  trabalho exigia muita paciência e capricho: as professoras faziam bolinhas com papel crepom azul claro, bem amassadinhas, e fixavam em um painel, bem juntinhas, para provocar um efeito homogêneo e artístico em todo o palco.Lembro-me até hoje da emoção que senti quando vi o trabalho concluído!

As coordenadoras Kátia e Eliana me rodeavam o tempo todo, para oferecer ajuda. As duas me acompanharam na elaboração do cerimonial. A Eliana  “ensaiou” como as cadeiras iam ficar no palco e até conseguiu uma caneta “de ouro” para os acadêmicos assinarem os seus nomes no livro da posse.

Os alunos  acadêmicos – os protagonistas - não cabiam em si de ansiedade e os  ensaios prosseguiam de maneira intensa. Os maiores - os das 8as séries - representariam trechos previamente estudados dos “Sermões” de Vieira e os menores – os das 5as séries - interpretariam trechos dos seus respectivos autores.

Aproximadamente quinze dias antes da festividade, a professora Rosane convenceu-me da importância de estendermos os nossos propósitos para além dos limites da nossa escola. Ela me disse que os alunos mereciam uma projeção especial, que ia ser muito bonito e que precisávamos divulgar o evento para “Deus e o mundo”! Então, pedi que ela se encarregasse dessa  missão, acessando os contatos possíveis pela Internet.

Curiosamente, depois da nossa conversa, também me animei a tomar uma decisão: enviei o convite da fundação da AEL PADRE ANTÔNIO VIEIRA para as jornalistas Fabiana da Cunha Pereira e Vanessa Gonçalves, que incluíram o nosso evento na “Pauta Social” do dia 30 de maio de 2005.

Não podíamos imaginar a repercussão dessas ações e o seu significado para os rumos que  a AEL tomaria a partir fundação!

PAUTAS

25/5/2005

1ª ACADEMIA ESTUDANTIL DE LETRAS PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Lançamento terá posse de 25 "ilustres" e recitação de sermões

No dia 30 de maio, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antônio Vieira (Rua Antonino Bacaeri, 171, Jardim Nordeste), em São Paulo, às 11h, acontecerá a fundação da Academia Estudantil de Letras Padre Antônio Vieira, com a posse solene dos jovens acadêmicos e representações literárias. O objetivo principal é incentivar os estudantes a descobrir o gosto pela literatura e propiciar o desenvolvimento de seus talentos e vocações.
Presenças como a da escritora Eliane de Araújo, autora do livro Histórias para a sua criança interior, e representantes da Coordenadoria da Educação já foram confirmadas.
Vinte e cinco patronos foram escolhidos pelos alunos, a partir de textos oferecidos em sala de aula, entre eles: Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Fernando Pessoa, Jorge Amado, Machado de Assis e Paulo Leminski. Cada um dos 25 alunos fará as vezes dos "imortais" e tomará seu assento. A vida do grande orador e missionário Padre Antônio Vieira (1608-1697) será relembrada, e alunos da oitava série do ensino fundamental interpretarão trechos de seus sermões mais consagrados. Os alunos vêm memorizando os sermões e ensaiando há três meses.
O grupo Poesia - Um Atalho para a Paz, que já se apresentou no Teatro João Caetano e que existe na escola desde o ano 2002, também participará do evento, com interpretações poéticas de autores de renome. No encerramento da fundação da Academia, um coral formado pelos alunos das quintas séries do Ensino Fundamental entoará a música Te ofereço Paz, de Valter Pini.
Efervescência literária e atividades futuras
Dando continuidade ao projeto, haverá encontros semanais na escola para leituras, ensaios e apresentações. Uma vez por mês, haverá um momento especial para que cada acadêmico - um aluno fazendo às vezes de um dos "imortais" - terá a oportunidade de divulgar, a outros estudantes e convidados, a vida e a obra do autor que representa.
Segundo os organizadores, pretende-se que a Academia Estudantil de Letras Padre Antônio Vieira seja um local de efervescência literária, onde a paz social seja efetivamente vivenciada, e as manifestações de violência e falta de amor, definitivamente esquecidas.
A perenidade que caracteriza uma Academia de Letras será mantida porque as cadeiras ocupadas desde a data da fundação, em 30 de maio de 2005, só serão substituídas, ou quando os primeiros alunos "acadêmicos" saírem da escola (ao se formarem), ou quando tiverem de se ausentar por motivo relevante.
Possibilidade de replicação
Essa é uma iniciativa que beneficia parte dos estudantes da rede municipal de ensino, que poderão exercitar, na prática, o tão falado protagonismo juvenil. Os educadores idealizadores do projeto esperam que essa iniciativa possa ser replicada em outras escolas.
Serviço
Fundação da 1ª Academia Estudantil de Letras Padre Antônio Vieira
Data: 30 de maio, às 11h
Local: Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antônio Vieira, localizada à rua Antonino Bacaeri, 171, Jardim Nordeste - São Paulo

CONTATO

Nome: Maria Sueli Fonseca Gonçalves
Fone: 11 6280-6566
Empresa: Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antônio Vieira
Pauta incluída por: Lorenzo Manica
Clique aqui para maiores informações

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A estratégia

Capítulo XIII

Desde 2002 eu acompanhava as mesmas turmas, da 5a à 8a série. Estava estabelecido um vínculo importante entre nós.

Mas, dessa vez, eu teria de optar, na atribuição das aulas, por apenas uma das “minhas” 8as séries, em prol da ideia que se materializava, pouco  a pouco. 

Se eu escolhesse todas as 8as séries, atendendo à minha vontade de acompanhar os “petelecos” até o final do curso, como havia planejado desde o início, eu teria menos oportunidade de cativar os alunos mais jovens para a  futura  Academia Estudantil de  Letras Padre Antônio Vieira.Evidentemente, nessa perspectiva, os alunos das 5as séries assumiam um papel  importantíssimo para a implantação do novo Projeto.

Além disso, eu tinha sérias razões para acreditar que aqueles “doze” não me deixariam mais, fossem ou não fossem meus alunos de Português naquele ano. 

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As crianças pareciam passarinhos alvoroçados quando eu lhes falava da Academia.

Certa vez, eu estava empolgada demais e disse a eles, sem avaliar a necessidade de explicitar melhor a afirmativa,  que “ser acadêmico era ser ïmortal”. Surgiram, então, candidatos a acadêmicos porque lhes agradava a ideia de não morrer…  Outros associavam a academia a práticas esportivas…

Dirimidas todas as dúvidas, apresentaram-se, finalmente, 25 acadêmicos conscientes e convictos, treze dos quais para representar novos autores e doze para substituir os precursores, ou seja, assumir suas cadeiras ao final do ano.

Tudo planejado! Faltava somente marcarmos o grande dia!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

“Já sei! Já sei!…”

Capítulo XII

Depois de muito matutar, veio a ideia surpreendente: era preciso dar um significado ao que já tínhamos construído em três anos de trabalho intenso e gratificante; era preciso garantir que o Projeto “Poesia – Um Atalho para a PAZ” tivesse continuidade,  independente dos protagonistas do momento.

Esses conceitos levaram-me romanticamente à palavra “imortal”, que me remeteu, mais romanticamente ainda,  a outra palavra: “Academia”. Era isso! Uma Academia de Letras na escola, constituída pelos próprios estudantes! Como não tivera pensado nisso antes?

Para ajudar, havia uma experiência do passado, curta,  porém, muito significativa para mim.

Eu era uma menina de 12 anos, chegando do colégio de freiras “Escola São Teodoro de Nossa Senhora de Sion”, depois de ter passado pelo exame de admissão,  cursando a primeira série do antigo “ginásio”. Adorava a minha professora de Português - a dona Rosinha –,  estava empolgada com a análise sintática – isso mesmo! –;  apaixonada pelos livros de José de Alencar e pelas poesias românticas de J.G. de Araújo Jorge!!!( esse seria o meu perfil no orkut no ano de 1964! rsrsrsrs…)

Minhas aulas no CESPEOC – Colégio Estadual Senador Paulo Egydio de Oliveira Carvalho –, Vila Maria, zona norte de São Paulo, aconteciam no período da tarde, pois, nessa época, os meninos do ginásio estudavam pela manhã e as meninas à tarde! – isso mesmo! Somente no Colegial – atual Ensino Médio – frequentávamos o mesmo período, meninos e meninas. O meu irmão mais velho já estudava à noite e tinha um professor de Português jovem, revolucionário, atuante, diferente dos outros, que formava  e dirigia grupos de teatro com os alunos  e que presidia a Academia de Letras Euclides da Cunha, criada pelo professor Antenor Antunes Gonçalves, de Filosofia. As reuniões da Academia eram feitas aos sábados, na Casa do Estudante da Vila Maria, local muito vigiado, por causa da ditadura.

As narrativas do meu irmão me encantavam mais a cada dia! Como eu gostaria de fazer parte da Academia de Letras Euclides da Cunha! Mas só os alunos do colegial podiam compor o grupo, dada a natureza filosófica, política, ideológica de que se revestia o movimento, inacessível, pela complexidade, a crianças e adolescentes.

Mas eu queria!!!

Tive a ideia de pedir ajuda à minha querida professora de Português, Rosa Carmelita da Costa Neves. Eu adorava José de Alencar! Eu escrevia poesias! Por que não podia participar? Eu poderia estudar mais sobre esse autor e contar para os grandes da noite o que eu sabia e eles poderiam contar para mim o que sabiam, enfim, todos ganhariam com isso…

Insisti, insisti e consegui!  Lá estava eu, de uniforme, em todos os sábados que se seguiram à permissão, na Casa do Estudante, encantada com coisas que eu nem entendia, no meio daquele pessoal importante, com uma pastinha na mão, etiquetada em letras de forma: JOSÉ DE ALENCAR! Que orgulho!

Pena que durou pouco! Fecharam a Casa do Estudante e a Academia de Letras Euclides da Cunha deixou de existir com aquela configuração. Mas ela ficou no nosso coração para sempre.

Quando cheguei ao colegial, no 1ºClássico, (podíamos optar entre cursar o Clássico ou o Científico) -  e fiquei sabendo que meus professores de Português e de Filosofia seriam, respectivamente, Valdevino Soares de Oliveira e Antenor Antunes Gonçalves, meu Deus!

………………………………………………………………………………………………………….

A  ideia de fundar uma academia estudantil de letras na minha escola, em 2005, tomava forma e povoava os meus sonhos, de modo instigante e obsessivo, até eu decidir, finalmente, bater à porta da sala da minha diretora, em pleno último dia de aula e início do recesso, para contar e pedir:

- Delma, no ano que vem nós vamos fundar uma academia de letras aqui no Vieira! Você permite?

Ela olhou bem nos meus olhos, sorriu e falou:

- Querida, boas férias, bom descanso, no ano que vem conversaremos sobre isso…

Eu entendi que ela havia permitido e saí da sala muito feliz, com tudo na cabeça!

 

          

MEU MESTRE: PROFESSOR VALDEVINO SOARES DE OLIVEIRA –PRIMEIRO PALESTRANTE DA AEL PADRE ANTÔNIO VIEIRA 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Outra vez era preciso ter uma ideia

Capítulo XI

O tempo passou muito mais depressa do que eu poderia supor.

Aqueles meninos e meninas que abraçaram o sonho junto comigo estavam prestes a concluir o ensino fundamental na EMEF Padre Antônio Vieira.

Final do ano de 2004, eu às voltas com os meus diários,  fichas de acompanhamento, correção das últimas atividades, fechamento das notas, conselho etc…

A minha maior preocupação era o destino do “Poesia – um atalho para a PAZ”. Tinha de haver uma solução, isto é, eu não me conformava com a situação de, ao término do ano seguinte, o Projeto simplesmente deixar de existir, com a saída dos doze.

O que fazer, então? Começar tudo de novo? E o que ficasse pra trás seria simplesmente ignorado, como se nunca houvesse exisitido?

Era preciso ter uma ideia e…rápido!

terça-feira, 13 de abril de 2010

“ Te ofereço Paz”

Capítulo X

Dizem que quando estamos em estado de graça, as bênçãos dos céus jorram sobre nossas cabeças, em profusão.

Foi o que senti quando aquela amiga começou a cantarolar, ao meu lado, uma canção particularmente bonita, cuja letra era assim: 

Te ofereço PAZ

Te ofereço AMOR

Te ofereço AMIZADE

Ouço tuas NECESSIDADES

Vejo tua BELEZA

Sinto os teus SENTIMENTOS

Minha SABEDORIA flui

De uma FONTE SUPERIOR

E reconheço esta fonte em TI

TRABALHEMOS JUNTOS!

Pedi a ela:

- Canta de novo?

- Que canção maravilhosa!

Perguntei:

De quem é a autoria?

Ela me disse que não sabia. E me ensinou os gestos que ilustravam a música, explicando o belo significado.

“Só pode ter sido escrita por um anjo”- pensei -“Preciso ensiná-la aos alunos.” 

Algum tempo depois, pesquisando na Internet, encontrei o autor:

Válter Pini.

Tornamo-nos amigos e sua canção tornou-se para nós uma espécie de hino.

 

OBS: Aprendi os gestos de uma maneira um pouco diferente. Quando conheci Válter Pini, tentei ensinar aos alunos a maneira correta, mas eles já assimilaram de tal maneira como ensinei no início, que não conseguem mudar…